Hey-o
Eu prometo mesmo a sério que hoje vou aos vossos blogs comentar, mas nestes ultimos tempos nem tenho sequer vindo ao meu próprio blog!
é que o meu irmão chegou da universidade e tenho passado tempo com ele, e nunca mais vim ao pc. o meu Facebook tá ás moscas, pessoal! A última vez que isto aconteceu foi... sei lá... na idade do gelo?
Enfim. Acho que vão gostar deste capítulo. Eu sei que gostei. =)
bj S*
P.S: Estou super-hiper-mega contente porque já acabei de escrever a 365 dias no word! WOOO!
- Preciso de falar com vocês… - Anunciou Beatriz. Eu, ela e Lourenço estávamos em casa a conversar, naquela tarde gelada. O sol já se estava quase a pôr lá fora, por detrás das árvores, quando aguçamos a nossa curiosidade para ouvir o que Beatriz dizia.
- Que se passa?
- Tomei uma decisão.
Eu agitei-me ao lado de Lourenço, procurando uma posição mais confortável no chão duro. Uma decisão? O que seria.
- Vou-me embora amanhã. – Contou, com um suspiro.
Logo eu e Lou começámos a gritar, implorando que não fosse.
- Mas porquê? – Perguntámos entre queixas.
- Não me levem a mal, eu adoro-vos, mas é assim… - Ela encolheu os ombros. – Eu quero continuar a ir pelo mundo… Vera, lembras-te como te disse na primeira noite que queria estabilizar? – Eu assenti. – Bem, ficar aqui com vocês foi o máximo, e eu tentei, tentei mesmo, mas não consigo. Não consigo ficar sempre no mesmo lugar.
- Oh, mas Beatriz… - começou Lou, com tristeza.
- Desculpa Lourenço. Eu vou sentir a tua falta, sabes que sim. – Eles abraçaram-se e depois ela virou-se de novo para mim. – E a tua também, querida. Mas tem de ser.
Eu abracei-a e ainda fui a tempo de a ouvir dizer baixinho para que só eu ouvisse:
- E por favor, aproveita o Lourenço. Ele é espectacular.
Eu senti um nó na garganta e soltei-a. Ela sorria. Tinha encontrado uma nova melhor amiga, mesmo que agora ela estivesse prestes a ir embora.
- Mas vocês sabem… se quiserem vir comigo por uns tempos… é só dizer! – Ela sorriu-nos e levantou-se. – Eu acho que vou agora passar a minha ultima noite a acampar na mata. Sabes que simplesmente adoro isto.
Nós deixámo-la ir, ficando sozinhos na sala escura e fria outra vez. Não achámos estranho o facto de simplesmente sair e ir dormir na mata… quer dizer, das primeiras cinco vezes que o fez foi estranho. Agora, já se tornara normal.
- E agora ficamos só tu e eu, outra vez. – Declarou ele, monotonamente.
- Pois. Tal como nos velhos tempos.
- Velhos tempos? Vera, mal passou um mês… - ele riu-se fracamente, e eu também. – Mas eu percebo a ideia.
- Pois…
Ficamos em silêncio durante algum tempo, á medida que a luminosidade do fim de tarde se transformava na meia-luz da noite sem luar. Fui buscar a vela já gasta que Lourenço e eu costumávamos usar nestas noites mais escuras e acendi-a, iluminando a sala tenuemente.
- Apetece-me ler um livro,. – Sorriu Lourenço, finalmente falando. – Como costumávamos fazer na tua casa antes de… tu sabes.
Perguntei-me se se referia á noite que tínhamos passado juntos, depois da qual nada fora o mesmo, ou ao facto de ter perdido o apartamento. Talvez até fossem ambos. Mas a sua voz tinha implícita mesmo muita saudade, e de qualquer das formas concordei.
- Também eu. Aí sim é que eram bons velhos tempos.
Ele acenou devagarinho com a cabeça. A minha curiosidade foi espicaçada por uma duvida que veio das reminiscências das minhas conversas com Beatriz.
- Posso fazer uma pergunta indiscreta? – Perguntei. Ele disse que sim. – Ainda… ainda te sentes daquela forma por mim?
Ele abriu a boca para responder, mas depois fechou-a. Ficou a pensar por alguns momentos, com o olhar perdido na vela tremeluzente que fazia a sua face reluzir do suor. Os olhos também brilhavam, como sempre, daquela maneira achocolatada e especial. Os caracóis agora tapavam-lhe a maior parte da face, caindo ao acaso até ao pescoço. Era o mesmo Lourenço de sempre, nesse aspecto; Nada na sua aparência mudara. Era a mesma perfeição habitual.
- Sinceramente, não sei. – Respondeu, encolhendo os ombros. – Aquilo que sinto por ti é difícil de descrever. É amor. Ou pelo menos foi, não sei bem. Sei que ainda não desapareceu por completo, e duvido que alguma vez o fará, mas quando me magoaste daquela forma… não sei, Vera. Mas já não é a mesma coisa.
Eu olhei pela janela, afastando o meu olhar do dele. A resposta de Lourenço era tudo o que eu estava á espera; Claro. Claro que ele já não se sentia da mesma forma por mim. Claro que, depois de tudo o que eu lhe fiz, depois de o ter magoado daquela forma e depois de tudo o que se passara, ele nunca mais ia pensar em mim como a Vera por quem se apaixonara. Eu agora era apenas a Vera, aquela que lhe tinha partido o coração.
Não sei de que forma aquilo me afectava, nem sabia porque estava a reagir daquela forma, interiormente. Mas sei que quando ele proferiu aquelas palavras, algo dentro de mim se partiu, de certa forma. Algo que era minimamente comparável ao que sentira quando descobrira o segredo de Carla e Luís, mas não tão doloroso. Era hipócrita da minha parte, egoísta até, e eu bem o sabia. Eu exigia, basicamente, que ele ainda me amasse mesmo sabendo que não tinha possibilidades de estar comigo da forma que ele sempre quisera.
A dúvida que tomava conta de mim, neste momento, era se agora era possível que ele substituísse Luís. Se agora Lourenço tinha uma mínima possibilidade que eu olhasse para ele de forma diferente. E parecia-me extremamente provável que sim, pois com tudo o que andava a pensar ultimamente, considerava acabar tudo com ele. Para bem da minha felicidade, e da dele também, era o que devia fazer.
- Desculpa. Peço imensa desculpa Lou, mesmo depois de todo este tempo e de agora ser inútil, e de me estar a repetir infindavelmente. – Proferi automaticamente, sem saber o que dizer mais. – Peço desculpa por te ter partido o coração.
- Eu já te perdoei. – Relembrou Lourenço.
- Eu sei que sim. Mas eu magoei-te muito, á mesma. Já não pensas em mim da mesma forma por causa disso. – Expliquei, á beira das lágrimas. Não ia chorar, contudo. – Mas acredita, que se tivesse oportunidade de voltar atrás, fazia tudo da mesma forma. Porque se queres que seja honesta, a noite que passei contigo há-de ter sido uma das melhores da minha vida.
Ele olhou-me espantado, mas eu ainda assim não consegui enfrentar o seu olhar. Ainda não tinha acabado o meu monólogo. Falava de forma calma e pausada, tão baixinho que cheguei a perguntar se me ouvia.
- Eu não te peço para me dares mais uma oportunidade, porque sei que não a mereço. Mas quero que saibas que me não me arrependo de nada, excepto da dor que te causei. – Admiti. – Porque de resto… o Tempo que passei contigo foi o melhor da minha vida.
Calei-me, á espera de uma reacção.
Não sabia bem do que estava á espera. Talvez de o ouvir dizer a pessoa horrível que eu era, de o ouvir dizer que eu podia ir morrer longe e que não queria mais saber de mim. Mantinha uma ínfima esperança que isso não acontecesse, apesar de já me ter perdoado, mas no fundo sabia que era o mais provável. Ouvi-o mexer-se ao meu lado, mas continuou em silêncio. Eu olhava pela janela, á espera de tudo, á espera de nada, á espera da reacção.
Mas apesar de tudo, não me podia preparar para o que estava para vir. Não queria acreditar quando, com um movimento bruto, me vi puxada para o abraço dele. Antes que pudesse reagir, os braços dele prenderam-me de forma forte mas afectuosa. Senti a pele quente entrar em contacto com a minha, causando-me arrepios, e os cabelos a me fazerem cócegas no pescoço. Mas mais que tudo, surpreendeu-me a calma e a intensidade dos seus lábios nos meus. Era perfeito. Tal como eu me lembrava, mesmo após tanto tempo.
Perguntei-me se lhe devia contar as minhas intenções quanto a Luís. Perguntei-me se lhe devia dizer que quem me tinha mesmo apaixonado era ele, e que me apercebera disso. A minha mente raciocinava a mil á hora, perdida entre pensamentos e entre toques discretos. Esqueci tudo o resto. Esqueci Luís, Beatriz, esqueci tudo. Procurei concentrar-me em Lourenço e apenas nele, nos seus lábios, nos seus olhos, nas suas mãos. Só assim seria perfeito.
Outra vez, perfeito. Como já não o era há tanto tempo.